Depois de mais de uma semana fechada após confronto entre a polícia e manifestantes contrários ao pacote de corte de gastos do governo do Estado, a Assembleia Legislativa retomou ontem as sessões ainda em clima tenso. Apesar da retirada dos projetos de pauta, os ânimos continuaram exaltados, com professores mais uma vez vaiando parlamentares das galerias e bate-boca entre deputados em plenário. O principal entre os dois estreantes Hussein Bakri (PSC) – que se defendeu por ter votado com o governo atacando o senador e ex-governador Roberto Requião – e Maurício Requião Filho (PMDB), que saiu em defesa do pai.
O confronto verbal foi iniciado por Bakri que admitiu ter errado ao votar favoravelmente à transformação do plenário em comissão geral para acelerar a tramitação dos projetos do Executivo, mas reclamou de ter sido colocado pela APP Sindicato – que representa os professores – como um dos “inimigos da educação”. “Nenhum projeto foi votado. Então ninguém pode ser tachado de inimigo da educação. O que foi votado foi um requerimento”, afirmou. “Eu reconheço que votei errado. Assim como tenho coragem de dizer que o governo errou. O governo mandou o projeto para depois explicar”, disse.
O parlamentar do PSC, em seguida, passou ao ataque contra Requião, que apoiou o movimento dos servidores. “Quem é o Roberto Requião para vir falar em educação. Ele entrou com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o piso (nacional) dos professores”, afirmou o parlamentar do PSC, que chamou Requião de “moralista de cueca suja”.
Próximo a discursar, Maurício Requião Filho reagiu “Se o senhor não sabe quem é Roberto Requião, vou lhe dizer. O Requião andou sem segurança no meio dos servidores no dia da votação da comissão geral, quando o senhor estava dentro do camburão”, disse, referindo-se ao fato de Bakri ter sido um dos 33 deputados da base do governo que entrou na Assembleia, na última quinta-feira, em um caminhão blindado da tropa de choque da Polícia Militar, para furar o bloqueio dos servidores que tentavam impedir a votação. “Se ofensas pessoais serão o tom da Casa, podemos entrar nessa. Mas o senhor pode ter certeza que capacidade de bater boca em um nívem tão baixo quanto o senhor eu não tenho”, ironizou.
Roubalheira
O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), teve que interromper a sessão por várias vezes para pedir silêncio dos professores que ocupavam as galerias. Vaiado, o vice-líder do governo, deputado Élio Rusch (DEM), também culpou Requião pela crise financeira do Estado, apontando que a origem do problema teria sido a extinção do fundo de previdência do funcionalismo público, em 1993, em seu primeiro mandato como governador. “Vocês estão à serviço de um partido político para escondeer a roubalheira de Brasília”, apontouRusch. “Se houvesse a sessão, o pacote teria sido votado e aprovado”, rebateu o líder da bancada da oposição, Tadeu Veneri (PT).
Fonte: Bem Paraná 24 de fevereiro de 2015.