Cerca de 82 mil passageiros serão afetados. Comec também anunciou uma bilhetagem eletrônica própria, separada da Urbs.
Os passageiros que usam os ônibus das linhas metropolitanas integradas foram surpreendidos ontem com um folheto que informava sobre mudanças no vale-transporte do sistema e alterações de linhas a partir de sábado. Segundo o informativo, por causa da separação tarifária entre as linhas urbanas, geridas pela Urbs (prefeitura de Curitiba), e as metropolitanas integradas, que são de responsabilidade da Comec (governo do estado), o vale-transporte será diferente para os dois sistemas, sem que isso comprometa a integração.
A Urbs optou pela criação de duas novas linhas de ônibus ligeirinho em Curitiba depois de a Comec anunciar que vai adotar um novo vale-transporte para as linhas metropolitanas integradas e a modificação no itinerário de quatro ligeirinhos (Colombo/CIC, Barreirinha/São José, Curitiba/Araucária e Curitiba/Campo Largo).
A partir de sábado, mesmo dia em que as linhas metropolitanas terão o itinerário “encurtado”, passam a operar as linhas CIC/Cabral e Barreirinha/Guadalupe, que vão atender os usuários que vêm de Colombo e São José dos Pinhais. Apesar de a integração com uma passagem apenas estar garantida, passageiros que pegavam apenas um ônibus terão de fazer três trocas em alguns casos.
Por essas quatro linhas, circulam diariamente 82 mil passageiros e cada viagem (ida e volta) desses ônibus somam 195,9 quilômetros. As mudanças estão sendo informadas aos usuários por meio de cartazes e mensagens nos painéis eletrônicos nos terminais, estações e ônibus de Curitiba.
Quem usava a linha Colombo/CIC, saindo da região metropolitana, agora terá o terminal Cabral como ponto de integração. Para que os passageiros possam chegar até a Cidade Industrial pagando apenas uma passagem, passará a operar a linha CIC/Cabral, que passará pelo mesmo trajeto.
Mudança maior vai atingir os usuários do ligeirinho Barreirinha/São José. A partir de sábado, a linha fará o trecho São José/Boqueirão. A opção da Urbs para compensar essa linha encurtada foi a de criar o novo Barreirinha/Guadalupe e utilizar o já existente Boqueirão/Centro Cívico para fazer a baldeação. Dessa forma, quem saía de São José dos Pinhais e queria chegar até o Barreirinha, terá de pegar três ônibus pagando uma passagem. Esse passageiro deve ir até o terminal Boqueirão e pegar a linha Boqueirão/Centro Cívico. Será possível fazer a baldeação para o novo Barreirinha/Guadalupe nas estações-tubo Prefeitura, Comendador Fontana e Círculo Militar.
Os usuários do ligeirinho Araucária/Curitiba não virão mais ao centro da cidade, pois o ônibus vai parar no terminal Capão Raso, onde os usuários deverão optar por algum dos alimentadores da região. Com isso, a estação Rui Barbosa, que fica na Rua Desembargador Westphalen, será desativada.
Já os passageiros da linha Campo Largo/Curitiba agora desembarcarão no terminal Campina do Siqueira e não mais na estação tubo Hospital Militar, que será desativada pois esse era o único ônibus que parava no local.
A mudança para a Metrocard vai colocar o serviço de bilhetagem eletrônica de todas as linhas metropolitanas – integradas ou não – na mão das empresas de ônibus. A Metrocard é de propriedade dessas empresas, que já fazem a gestão da bilhetagem nas metropolitanas não integradas. Dessa forma, todo o dinheiro que é arrecadado com a venda de passagens já cai diretamente na conta das empresas, sem passar pelo poder público, como ocorre no sistema gerido pela Urbs. Em Curitiba, os valores arrecadados pelo cartão-transporte vão para o Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC) e depois são repassados para as empresas.
A tecnologia implantada no sistema de bilhetagem é apresentada no site como “uma das mais modernas existentes no Brasil” e é fornecida pela Dataprom, mesma empresa que desenvolveu o sistema adotado pela Urbs e que era alvo constante de reclamações por parte das operadoras.
Segundo Omar Akel, diretor presidente da Comec, a Metrocard vai funcionar num primeiro momento como a câmara de compensação da rede metropolitana. “Ali entram os recursos que serão distribuídos para as empresas”, explica. A tendência é de que ela seja a empresa responsável pelos cartões.
• Colombo/CIC transportava por dia 35,8 mil passageiros e tinha um trajeto, ida e volta, de 43,2 quilômetros. Agora, a linha para no terminal Cabral e quem quiser seguir viagem usará a nova CIC/Cabral.
• Barreirinha/São José transportava por dia 17,5 mil passageiros e fazia um trajeto total de 43,1 quilômetros. Agora, será desmembrada em duas novas linhas: a metropolitana São José/Boqueirão e a urbana Barreirinha/Guadalupe. Quem quiser usar as duas terá de pegar ainda o Boqueirão/Centro Cívico.
• Curitiba/Araucária atendia 19,9 mil passageiros por dia, com um trajeto total de 54,9 quilômetros. Agora, irá até o terminal Capão Raso, e não mais o centro da cidade.
• Campo Largo/Curitiba atendia 8,1 mil passageiros com um trajeto de 54,7 quilômetros. Agora, irá até o terminal Campina do Siqueira, e não mais ao centro da cidade.
No entanto, a Comec optou por “encurtar” o itinerário de quatro ligeirinhos. Para não prejudicar os usuários dessas linhas, a Urbs optou por criar duas linhas urbanas novas como compensação .
A bilhetagem eletrônica das metropolitanas ficará a cargo da Metrocard, empresa que faz o mesmo serviço para as linhas metropolitanas não integradas e é de propriedade das empresas de ônibus. Para o período de transição, os usuários das linhas metropolitanas integradas devem adquirir um vale-transporte de papel ou pagar em dinheiro. Ônibus, estações-tubo e terminais identificados com “M” só aceitarão o pagamento dessa forma. Em São José dos Pinhais, poderá ser usado o cartão Vem, que é o sistema do município.
Esse vale-transporte de papel já poderia ser adquirido desde ontem, na sede da Metrocard, que fica no centro de Curitiba. Como é um instrumento temporário, estará impresso em cada vale a data de validade. Quem adquiriu créditos do cartão-transporte via Urbs ou recebe o benefício no trabalho não poderá usar o cartão nessas linhas metropolitanas.
Ainda de acordo com o folheto, algumas linhas sofrerão alterações de trajeto, o que será informado com antecedência pela Comec e empresas. A Comec informou, via nota, que a partir de sábado haverá mudança no local de integração de quatro linhas metropolitanas integradas de ligeirinhos. A Colombo/CIC terá seu ponto de integração no terminal do Cabral; Araucária/Curitiba, no terminal do Capão Raso; São José/Barreirinha, no terminal do Boqueirão; e Campo Largo/Curitiba, no Campina do Siqueira.
Segundo o diretor presidente da Comec, Omar Akel, quando a prefeitura de Curitiba editou a nova tarifa só para a capital, deixou claro que a Urbs estava responsável apenas pela administração e pagamento das linhas urbanas e que a linhas metropolitanas seriam de responsabilidade do governo do estado, através da Comec. “Rapidamente estruturamos uma forma de deixar o sistema operando, com administração eficiente, que garantisse a continuidade da atividade e com forma de viabilizar seu custeio. Essas linhas que operam tem de ser pagas”, diz. Com o encerramento do convênio entre os dois órgãos, a Urbs passou a reter o dinheiro da bilhetagem eletrônica correspondente às empresas metropolitanas para abater a dívida que a Comec tem com o atraso dos repasses do subsídio.
Durante o dia, muitos usuários do sistema reclamaram da mudança na bilhetagem no meio do mês, pois já teriam comprado os créditos para o mês inteiro ou recebido de seus empregadores. “A partir das reações que estão acontecendo hoje, estamos estudando se há alguma outra alternativa para resolver o problema dessas pessoas”, disse Akel. A previsão é de que o novo projeto do sistema de bilhetagem, estrutura de fibra ótica e leitores de cartão sejam desenvolvidos em 90 dias.
A reportagem tentou contato com a Metrocard, no telefone informado no folheto e site, mas não obteve sucesso.
Manifestantes são recebidos por secretário
O secretário de municipal de Governo, Ricardo Mac Donald Ghisi, recebeu ontem de manhã representantes da Frente de Luta pelo Transporte, que acamparam na noite de terça-feira em frente da prefeitura pedindo a redução da tarifa. O secretário apresentou as medidas que o Executivo vem tomando para reduzir o custo do sistema de transporte, como a retirada de itens da planilha e um subsídio de R$ 2 milhões por mês destinado a evitar uma tarifa maior para o usuário. Também colocou a Urbs à disposição para apresentar todos os dados disponíveis sobre o assunto.
Via Facebook, a Frente informou que nas duas reuniões houve a mesma resposta, de que não haveria “disposição real de negociar com o movimento a redução da tarifa”. O grupo desmontou o acampamento e se juntou à movimentação de servidores estaduais na Alep.
Fonte: Gazeta do Povo, 12 de fevereiro de 2015